domingo, 31 de maio de 2009

GESTÃO ESCOLAR E CURRÍCULO: Elementos para Análise

PROFESSORA MARIA CONCEIÇÃO COPPETE.

DISCIPLINA: Concepções Curriculares Atuais
Explorando alguns conceitos importantes de
GESTÃO ESCOLAR E CURRÍCULO: Elementos para Análise

Gestão Escolar - significa dar direção ao processo de organização e funcionamento da escola, comprometida com a formação do cidadão. Não qualquer formação, mas justamente aquela que apresenta a orientação em âmbito mais geral de um processo: direção de mudanças a serem efetuadas.

Currículo – constituiu um dos fatores que maior influência possui na qualidade do ensino. Não existe uma noção, mas várias noções de currículo, tantas quantas as perspectivas adotadas. O currículo continua a ser frequentemente identificado, com o "plano de estudo". Currículo significa, neste caso, pouco mais do que o elenco e a sequência de matérias propostas para um dado ciclo de estudos, um nível de escolaridade ou um curso, cuja frequência e conclusão conduzem o aluno a graduar-se nesse ciclo, nível ou curso. "Em termos práticos, como escreve Ribeiro (1989), o plano curricular concretiza-se na atribuição de tempos letivos semanais a cada uma das disciplinas que o integram, de acordo com o seu peso relativo no conjunto dessas matérias e nos vários anos de escolaridade que tal plano pode contemplar". Este conceito de currículo, muito próximo do conceito de programa, como foi formulado por Bobbit (1922), evoluiu para um conceito mais amplo que privilegia o contexto escolar e todos os fatores que nele interferem. Procurando traduzir estas novas concepções Ribeiro (1989), propôs a seguinte definição mais operacional de currículo : "Plano estruturado de ensino-aprendizagem, incluindo objetivos ou resultados de aprendizagem a alcançar, matérias ou conteúdos a ensinar, processos ou experiências de aprendizagem a promover". Mas o currículo não é apenas planificação, mas também a prática em que se estabelece o diálogo entre os agentes sociais, os técnicos, as famílias, os professores e os alunos. O currículo é determinado pelo contexto, e nele adquire diferentes sentidos conforme os diversos protagonistas.
Que é planejamento e qual a sua importância na organização e gestão da escola?

O processo e o exercício de planejar constituem uma antecipação da prática, ou seja, planejar é prever e programar as ações e os resultados desejados, possibilitando à equipe gestora a tomada de decisões.
Sem planejamento, as ações dos diversos atores da escola irão ocorrer ao sabor das circunstâncias, com base no improviso ou na reprodução mecânica de planos anteriores e sem avaliar os resultados do trabalho.
O planejamento escolar não pode ser conduzido de forma autoritária e centralizadora, uma vez que se pretende instituir uma cultura mais democrática e participativa nos processos desenvolvidos na escola.

Todo programa pedagógico, todo currículo, todo método pedagógico tem uma dimensão política. Por trás do que às vezes parece ser uma escolha técnica, operam valores éticos e políticos, uma certa representação do ser humano, da sociedade, das relações que cada um deve manter com o mundo, com o outro, consigo mesmo.”
(Bernard Charlot)

Gestão democrática e democracia social

Para os especialistas em Gestão Educacional e Políticas Públicas, tais como Paro (2000): "a participação dos usuários na gestão da escola inscreve-se, inicialmente, como um instrumento a que a população deve ter acesso para exercer seu direito de cidadania".
Isto porque, à medida que a sociedade se democratiza, e como condição dessa democratização, é preciso que se democratizem as instituições que compõem a própria sociedade, ultrapassando os limites da chamada democracia política e construindo aquilo que Norberto Bobbio (1989) chama de democracia social.
Tal processo de "democratização" gera o que podemos denominar apartheid educacional, pois à medida que a Gestão Participativa engendra novos horizontes para a educação brasileira, deparamo-nos com o Poder Público, que muitas vezes cria barreiras para que haja a desburocratização no âmbito escolar, promovendo a cidadania e a inclusão social, de forma autônoma a Gestão Participativa.
Assim, o caminho para a real "democratização da sociedade precisa passar pela ocupação "de novos espaços, isto é, de espaços até agora dominados por organização de tipo hierárquico ou burocrático" (BOBBIO, 1989, p. 55).

Gestão democrática e liberdade: do que estamos falando?

Falar de gestão democrática significa, também, falar de liberdade, no sentido mais explícito do conceito de liberdade em comunidade. Na acepção do Aurélio, é o mesmo que “poder agir no seio de uma sociedade, segundo a própria determinação, dentro dos limites impostos por normas definidas”. De acordo com Vitor Paro (2000):

Se os fins humanos (sociais) da educação se relacionam com a liberdade, então é necessário que se providenciem as condições para que aqueles, cujos interesses a escola deve atender, participem democraticamente da tomada de decisões que dizem respeito aos destinos da escola e a sua administração.

Nesse sentido, a democracia passa a ser entendida como uma maneira de permitir que todos os que estão diretamente interessados ou são diretamente atingidos por uma decisão, seja ela qual for, possam participar dessa tomada de decisão.
Ao tratarmos da Gestão Escolar, devemos priorizar, principalmente, os educandos, pois eles são a essência do Projeto Educacional e da Filosofia de Ensino que se adota no espaço escolar.
No entanto, o Sistema Educacional brasileiro não prioriza este segmento como deveria, pois as Políticas Públicas que permeiam o setor ainda vêem o aluno como secundário.

Escola, Currículo e Gestão: desafios pós-modernos

A escola é o principal espaço das transformações sociais, pois por meio das propostas nela inseridas, consegue-se promover uma reestruturação cognitiva e crítica, tanto nos educandos, quanto nos educadores. A práxis pedagógica intervém nas transformações decorrentes da auto-reflexão do educador frente ao seu compromisso de promover educação com qualidade.
Para que estas premissas sejam válidas, faz-se necessário que o educador seja comprometido com seu "quefazer", orientando-se e procurando oferecer alternativas que viabilizem uma educação crítico-participativa, como defende Paulo Freire (2000).
O Planejamento e a Gestão Escolar participativos são as principais ferramentas que promovem uma verdadeira revolução na prática pedagógica e na visão estratégica de uma Instituição Escolar.

Juntos, na escola, Currículo e Gestão

Como estamos tratando de Currículo e Gestão, não se pode desvincular o importante papel do docente, pois é este que conseguirá trazer, para os educandos, as noções essenciais que os ajudarão a driblar os desafios que encontrarão quando saírem da escola. Enquanto realiza as atividades escolares, o aluno absorve vivências e sensações e solidifica a sua personalidade.
Se a Escola não possui PPP, nem planos de trabalho, como missão ou visão estratégica, e preparar os educandos, apenas, para o "vestibular", isto faz com que se torne mais difícil alcançar a almejada educação de qualidade.

Como acompanhar o processo escolar, sem falar de Currículo e Gestão?

 Como entender como ocorre a aprendizagem dos alunos, como estão sendo organizados os conteúdos, mediante que proposta?
 Quais os mecanismos usados para intensificar a aprendizagem ou as ações que a escola desenvolve?
 Como educandos e educadores estão articulados na Gestão administrativa?

Perguntas como essas costumam pairar sob o cotidiano das escolas, mas, nem sempre, as respostas são obtidas.

O "burocratismo e a centralização" costumam estar imbricados, impedindo que a escola prepare o cidadão para os desafios pós-modernos. Muitas vezes, a escola se concentra em apresentar conteúdos que não possuem relevância do ponto de vista social.

Referência: Curso Experimental VerdEAD
http://www.moodle.ufba.br/mod/book/view.php?id=10244&chapterid=9696

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